quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Competição e diversão no maior evento de atletismo do estado

Casais, amigos, famílias, amadores e atletas.
Na Volta das Nações todos têm espaço.

* Adriana Queiroz, NJE


CAMPO GRANDE/MS - São sete horas e cinco minutos. Faltam 40 minutos para o início da primeira prova. O sol forte já marca presença. Atletas e amadores se preparam para a corrida. Alguns se alongam. Um cadeirante animado alonga os braços, empina a cadeira. Ele está com mais dois cadeirantes, parece ser o mais disposto dentre eles.
Casais, amigos, famílias, amadores e atletas. Na Volta das Nações, tem espaço para todos. Renato dos Santos Filho vai participar da meia-maratona, são 21 km Ele diz que corre no quartel e é a primeira vez em competições. “Resolvi correr para testar o físico, minha capacidade”. A esposa Elaine dos Santos veio para acompanhar, mas vai participar da caminhada.
Outro participante, Ademir Rodrigues, é auxiliar administrativo e também corre pela primeira vez em uma competição. “Vim correr por causa do incentivo dos amigos”, diz o rapaz, sorrindo. Ele enfatiza que só pratica exercício físico, de vez em quando, jogando futebol. Com ele, estão mais três rapazes. Guilherme Paulino é o incentivador da turma. “Chamei meus amigos para participar, competir. Vamos ver se a gente agüenta”.
Cada um corre por um objetivo, seja para buscar boas colocações, se divertir com os amigos e a família, ou apenas completar a prova. O objetivo de Marcelo Rosário Garcia é concluir a prova de 10 km, em 55 minutos. É sua terceira competição. Já participou da Corrida da PE (2007) e da Corrida do Verde (2008). “Até os cinco quilômetros, você tem que vencer você mesmo. O corpo dói, dá vontade de desistir”. Além da lição de superação, o rapaz, assim muitos corredores, também está de olho no carro a ser sorteado no final da prova.
Aos 70 anos, a disposição de Walter Bruno é de causar inveja. Ele corre desde os 17 anos e vai correr a meia-maratona. Walter já participou de várias competições, entre elas a São Silvestre de 1987. Ele participa de todas as competições que acontecem na cidade. Treina uma vez por dia. “Quero sempre manter a forma e competir”, diz o senhor, com olhar humilde e confiante ao mesmo tempo.

Hora da largada

Preparação dos deficientes visuais e cadeirantes. Momentos emocionantes, minutos que antecedem ao início da prova. São quatro deficientes visuais e três cadeirantes. Todos se aquecem. Os deficientes visuais aquecem as pernas, os cadeirantes alongam os braços e fixam o olhar no horizonte, no percurso a ser seguido.
Dois deficientes visuais estão sem guia. A organização diz que está no regulamento a obrigatoriedade do guia. “Eu sou um atleta paraolímpico”, afirma um dos competidores. Um dos treinadores alega que “a inscrição foi feita sem guia”. Cinco minutos antes da largada, desespero, aflição dos atletas... Um minuto antes da largada... “Estava no regulamento”, afirma uma das pessoas da organização. Por fim, eles largam com guias de última hora.
Largada feminina e masculina, meia-maratona, categorias Elite e Indústria. O prefeito Nélson Trad Filho, o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima e outras autoridades posam para fotografia. O clima mais tranquilo, mas não menos empolgante. “Eu sou o padre irlandês”, brinca um rapaz, que aguarda a largada, lembrando o episódio nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, quando o brasileiro Wanderlei Cordeiro foi atropelado em plena prova, por um... (manifestante?). O corredor brasileiro perdeu ali a chance de conquistar a medalha de ouro.
Largada da prova de 10 km e início da caminhada. Crianças, pessoas com fantasiadas de super-heróis como homem-aranha e Mulher Maravilha. Muitas “figuras”, um homem com a camiseta SOS Pantanal na frente e SOS Amazônia atrás. Pessoas com faixas. Uma dizia “A família Silveira também está presente”. Outra estampava “Adubo Orgânico”. Pessoas com a bandeira do Brasil. Enfim, uma variedade de manifestações.
Jovens, senhores, casais, grupos de amigos, famílias inteiras, até carrinho de bebê, e todos os físicos gordos, magros, altos e baixos. Uma corrida verdadeiramente democrática.
E, para garantir que o ambiente estivesse sempre tranqüilo. Não faltou segurança. Policiais militares, policiais do exército, seguranças da Sebival e Ciaptran. E, claro, para socorrer os participantes no final da prova, carros dos Bombeiros e da Unimed. Terminou tudo bem e tranquilo.