quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Torcida prestigia Volta das Nações

O clima era de admiração, superação e satisfação.
Sentimento mútuo entre público e participantes.


Campo Grande/MS - A arquibancada está praticamente vazia, mas o público está presente. O sol forte fez com que as pessoas fossem para baixo da arquibancada, ou ficassem na calçada, nas sombras das árvores. Pessoas de outras cidades, outros estados e outros países. Algumas camisetas de Dourados-MS, Miranda-MS, Cuiabá-MT.
Elaine Casaroto é estudante e está há 8 meses, em Campo Grande. Ela veio com o esposo e a filha para torcer pelo pai e pela irmã. São de Angélica, cidade do interior de Mato Grosso do Sul. “Me arrependi de não ter participado, meu pai disse que veio de tão longe para fazer a prova, e eu, que moro aqui, não vou correr”, lamenta a moça.
A professora aposentada Maria Odete é do Rio Grande do Sul. Mora há 13 anos em Campo Grande e veio para dar apoio ao marido. “Ele já participou de outras competições, como a Corrida Noturna do Shopping. É professor de Educação Física, mas, hoje, trabalha no Ministério da Justiça. Treina, quando dá tempo, uma vez por semana”.
Ao meu lado, surge uma moça ansiosa. Uma mão na máquina fotográfica e outra na barriga. Elenilsa Campos Ferreira está grávida de seis meses e torce pelo marido, o borracheiro Claudinei Pereira Lopes, que corre na prova de 10 km. “É a primeira vez que ele está competindo. Treinou duas semanas diretas para esta prova. Emagreceu oito quilos”.
Final de competição. Hora da chegada. A prova de 10 km é competitiva até o final. Perto da linha de chegada, disputa pelas boas colocações. Todos chegam suados, cansados, mas, ao mesmo tempo, satisfeitos em completar a prova. Jogam água no corpo, no rosto. Alguns comemoram. Outros são recebidos com torcida organizada. Um cumprimenta o outro, os corredores comemoram entre si. Mão no joelho, agacham, respiram fundo. Alguns passam mal pelo cansaço.
Uma mulher que observa a chegada grita “Parabéns! Parabéns!”. O rapaz ao lado pergunta: “Quem é ele?”, a mulher responde: “Não sei, mas, coitado, o rapaz conseguiu chegar”.
O clima era de admiração, superação e satisfação, sentimento mútuo entre público e participantes.

Atleta

Yeltsin Francisco tem 18 anos e apenas 10% da visão. O atleta corre há dois anos e meio e já tem vários títulos. Entre eles, o de campeão mundial nos Jogos da Federação Internacional de Esportes para Cegos, nos Estados Unidos, em julho de 2009.
Na Volta das Nações, ele ficou em 3º lugar. “Corri mal. No quilômetro 15, poderia tem forçado mais. Mas, estou preocupado com o Pan, na Colômbia, daqui a alguns dias”. Yeltsin treina três horas e meia por dia e é mais um exemplo de muita superação. Quanto à obrigatoriedade do guia, ele explica que, pelo Comitê Olímpico, na categoria B1, não precisa de guia. Na B2, é opcional e, na B3, é obrigatório. Ele é da categoria B2, ou seja, opcional, mas, pelo regulamento da prova da Volta das Nações, é obrigatório. Yeltsin conseguiu um guia de última hora, para realizar a prova.
Classificação

Quem apostava que os tanzianos, quenianos e etíopes conseguiriam as melhores colocações na meia-maratona não se enganou. Mas, teve brasileiro nos cinco primeiros lugares. E, no masculino, Raimundo Nonato subiu ao pódio.

Geral Feminino Meia-Maratona
1 – Eunice Jepkirui Kirwa
2 – Sara Ramadhani Makera
3 – Yemer Yeshareg Ayale
4 – Ilda Alves dos Santos
5 – Nadir Sabino de Siqueira

Geral Masculino Meia-Maratona
1 – Martin Hhaway Sulle
2 – Joshua Kiprugut Kemei
3 – Raimundo Nonato
4 – Giovani dos Santos
5 – Titus Kipkosgei Kibii

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Adriana Queiroz